A Internet oferece ao Jornalismo a mais profunda transformação desde o aparecimento dos periódicos, mas deixa um recado: a convergência midiática é fator imprescindível na adaptação da imprensa
Página do site "Uol Notícias" no aplicativo desenvolvido para o iPhone. Foto: Gleyce Any Castro |
O que antes era visto somente na televisão ou por meio das páginas dos jornais, hoje, alcança uma visão múltipla: são telas de computadores, notebooks, smartphones, tablets, além de muitos outros aplicativos e redes sociais (Twitter, Facebook) que ajudam a tornar mais fácil e mais dinâmica a disseminação do fato jornalístico. Entre teias virtuais, o que vive-se, atualmente, é reflexo de uma explosão tecnológica que descobriu no público a ânsia por informação.
Segundo a jornalista Ivila Bessa, editora-chefe de conteúdos digitais do Sistema Verdes Mares, os usuários adotaram, com o advento das mídias digitais nos últimos anos, o hábito de consumir informação “multiscreen”, ou seja, multitelas. “A convergência midiática é, antes de tudo, cultural”, analisa. Ivila é uma das fundadoras do coletivo “Núcleo de Vivências e Estudos em Mídias Digitais” (Nuvem), que estuda webjornalismo e práticas relacionadas.
E o Jornalismo, converge?
“A comunicação sempre sofre alteração em seus processos com as transformações tecnológicas”, garante Ivila. A jornalista afirma ser natural que a indústria da informação absorva os avanços da tecnologia e modifique o modo de produzir Jornalismo. “Não dá para imaginar a mesma informação sendo repassada da mesma maneira se a experiência do usuário em cada uma delas é distinta. Quando a TV apareceu, por exemplo, foi o rádio na TV. Hoje ela continua assim? Não. Ela entendeu que o processo era outro, pois a experiência é outra.”
Para o estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marco Leonel Fukuda, a convergência midiática é um caminho de “riqueza de possibilidades”. Segundo o aluno, o atual contexto da comunicação digital é propício para experimentações. “A tecnologia está mudando o fazer jornalístico pelo sentido que o jornalista não é mais o monopolizador da informação. Ela tem que lidar, agora, com uma enxurrada de informações. A percepção dos comunicadores muda: ele não pensa as mídias separadas, isoladas. Precisa tentar uma nova dinâmica, na fotografia, no audiovisual”, afirma.
O Jornalismo digital é um convite à construção da informação. O leitor está inserido no processo de apuração e de produção da notícia. A consequência desta desierarquização é evidente: O Jornalismo deve mostrar, mais do que nunca, o quanto é necessário. A tarefa é árdua, mas cabe ressaltar que nenhuma plataforma substitui a arte de saber como contar uma história
Bruna Luyza e Gleyce Any Castro
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