sábado, 30 de outubro de 2010

"Sou doce, dengosa, polida"

Três semanas. Esse foi o tempo que levou para a gente conseguir conciliar horários, dias e caronas entre os seis integrantes da equipe. Nossa saga era mais difícil do que imaginávamos que seria ao propormos a pauta. "De quem foi a ideia de fazer essa matéria mesmo, gente?", perguntávamos uns aos outros, entre gargalhadas e bocejos, a caminho dos bares.

Seja de quem tenha sido a ideia, ir a três bares na madrugada deste sábado, 30, foi uma tarefa difícil. Não íamos entrevistar um sujeito famoso como Preto Zezé, mas a nossa incumbência era de caráter incerto; desconhecíamos quem seriam nossas vítimas e, sobretudo, se essas vítimas seriam interessantes para retratar em formato de crônica, perfil, fotografia e vídeo.

Kant bar
Nossa primeira parada foi o Kant Bar, na av. Bezerra de Menezes. Chegamos às 2 horas da manhã. Uma viatura do Ronda do Quarteirão encontrava-se estacionada em frente. O karaokê, principal atrativo do K Bar, já "truava". Uma moça, que depois descobrimos ser estudante de Pedagogia, cantava alguma música da Celine Dion. Acredito que era aquela - já cansativa - música do Titanic. Não lembro, ainda estava bocejando e coçando os olhos, avaliando de que maneira "chegaria" nas pessoas.

E aí foi quando o grupo começou a se dispersar, a entrevistar frequentadores e garçons, a fotografar e a filmar as pessoas "se fazendo" ali com o microfone na mão. Uma das figuras que não conseguia se manter sentada, de tão empolgada com as cantorias dos colegas, era Adriana Costa (*nome fictício), que dizia ser dançarina da banda Forró Maior. Ao cantar versos de "A loba", de Alcione, a moça de short rosa claro, com um palmo de tamanho... Sou doce, dengosa, polida / Fiel como um cão sou capaz de te dar minha vida... pulava e cantava e rebolava e gesticulava.

Como já era de se esperar, em meio às anotações e cliques, olhares curiosos pesavam ao nosso redor. Algumas pessoas chegaram a pedir que fossem entrevistadas e fotografadas; outras, recusavam-se a responder nossas perguntas. Às vezes me sentia sendo analisada, mas o negócio era manter o foco. E nesse contexto de busca atenta por informações visuais e sonoras, ainda sobrava tempo pra gente batucar na mesa e soltar a voz, acompanhando o canto dos desafinados, com músicas de Alcione, Renato Russo, Cássia Eller, Roberta Miranda, Celine Dion...

Tava animado. Acho que por isso, às 3h30, saímos de lá a contragosto, com uma vontade entusiasmada de pagar os R$3,49 pra soltar a voz no karokê, em alguma canção de Raça Negra ou Só pra contrariar. Mas o dever - e o sono - nos impelia a continuar a saga. Foi quando decidimos partir para o segundo point da noite: Caribe bar.

Caribe bar
Depois de a gente se perder naquela Varjota de ruas estranhas, chegamos ao bar supostamente mais "sujinho" da noite; essa era a única referência que tínhamos do Caribe, até porque nenhum dos seis integrantes havia sequer pisado ali.

Sentamos, tomamos umas cervejas, conversamos com alguns poucos frequentadores, com o dono, com o cantor Carlos Guedes, com o tecladista... Morgamos, o sono batia em todos. Bocejos eram uma constante. Tinha gente até dormindo na mesa, enquanto esperávamos para que o cantor arranjasse um tempinho pra conversar com a gente. (Depois de concluída a saga, alguns amigos disseram pra gente que o Caribe só anima mesmo a partir das 6h, talvez por isso estivesse tão morgado).

Quando colocamos o pé na calçada do Caribe, o céu já estava de cor azul bebê, e os primeiros raios do sol incidiam sobre a rua Frederico Borges. Nós seis já caminhávamos para o carro, quando a Rapha jurou ter visto um travesti entrando (para vocês entenderem: dentre as poucas referências que tínhamos previamente do lugar, uma delas era a informação de que o público preponderante do Caribe era GLS, ou GLBTTT, como preferirem. E aí que entrevistar um travesti poderia ser bacana pra compor a matéria). Mas o cansaço falou mais alto: vamos logo embora.

Roque Santeiro
Nossa terceira e última parada foi então o Roque Santeiro, na av. Abolição, próximo à sorveteria 50 sabores ali no final da av. Beira Mar. O relógio marcava 5h20.

Não havia carro estacionado em frente, nenhum sinal de público-fim-de-festa. Ao chegarmos, conversamos rapidamente com o sr. Moacir, conhecido por "seu Roque". "Aqui eu sou o Roque e tem a senhora Roque também, minha mulher", disse ele.

Lá, eu, Thibério e Nut tomamos o caldo eleito como Melhor Caldo de Fortaleza em 2004 pela Revista Veja. Com direito a pedaços de pão carioquinha, o caldo custava 3 reais, e era uma mistura cremosa de pedaços de frango, carne e ovo. "Isso aqui levanta qualquer um que esteja de ressaca", garantiu seu Roque. Após dez minutos da nossa chegada, de repente o bar já estava lotado de pessoas ávidas por um caldo. (Por lotação no Roque Santeiro, entenda-se: é ter as únicas quatro mesas já ocupadas).

Raios de sol já a evidenciar nossas olheiras, partimos às 6 horas, no carro do George - o motorista da saga etílica.

Saldo final da experiência:
bocejos
olhos vermelhos
fome
+ vídeos de situações engraçadas
figuras curiosas entrevistadas
fotos comprometedoras
__________________________________
Pauta de "Bares de fim de noite" concluída


Espero que gostem.

Juliana.

9 comentários:

Unknown disse...

mas, enfim, de quem foi a ideia mesmo?

Adriana disse...

não entendi o porquê de escolherem "Adriana" como o nome fictício da moça.. ¬¬

Anônimo disse...

Ah, gente. O que importa quem deu a idéia da pauta? Vocês tem histórias para contar. hohoho :)

Crissie Teixeira disse...

Já quero ver a matéria de vocês viu! ;P

Juss disse...

hoasdoiuhasdoiuhasdoiuhasdoiuasd

É isso que me espera nos semestres mais avançados? Já quero! \o/

huaosdoiuhasdoihasdoiuhasdoiuhasd

E ah, ótimo escrito, Ju. Dá pra ler num fôlego só. ;D

Klycia Fontenele disse...

rs Vou ser solidária com a Adriana: que tal um outro nome fictício?! rs Agora, só para não perder a "pose professoral": entre o cansaço e a informação, sempre optem pela informação! A travesti poderia ser uma fonte maravilhosa, ainda mais se o bar tem esse público como principal... mas, ela poderia também não render, poderia até não ser uma travesti. Mas, como saber agora, afinal, vcs optaram por não conferir... Bem, mas imagino que tenham um bom material em mãos. Agora, é editar com cuidado para não expor as pessoas, ok? bjs

Juliana Diógenes disse...

Gente, esse nome, "Adriana Costa", na verdade foi dado pelo "segurança" dela, com quem conversei.
Perguntei o nome da moça, que se recusou a dar entrevista, e aí o acompanhante dela disse: Ela é dançarina. Adriana Costa.
Aí eu: É o nome verdadeiro?
Ao que ele disse: Não, nome fictício, nome da noite mesmo, pode colocar.
Só respeitei o que o rapaz disse. Desculpa, Adriana. hahaha :*

Roger Pires disse...

Legal a pauta, quero ver o resultado final.

Senti falta do Tocantins, acho que ele cumpre melhor a função de bar fim de noite do que o Caribe, que é meio "pesado".

Sucesso ae!

Anônimo disse...

Senti falta do Tocantins, acho que ele cumpre melhor a função de bar fim de noite do que o Caribe, que é meio "pesado". [2]

O Tocantins tem um ar bastante fim de noite, fui e voltei no texto três vezes, pra ver se não tinha mesmo o "Tocanta" que até a prefeita frequenta.

Lá tem seresta também, o ponto alto da noite, fica por volta das quatro da manhã, mas tem movimento - quase lotação - até nove.

Ainda tem o Paladar que talvez possa ser incluído no grupo. Ali na 13 de Maio.

Achei interessante a referência ao Roque Santeiro, um completo desconhecido pra mim.

Parabéns pela perseverança. :)