terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

No escurinho do cinema



Valmir Timóteo faz dos cines pornô que frequenta parte da sua história, uma espécie de “segunda casa”, como ele mesmo intitula. De lá saem histórias, experiências e até amores 



“Amor é literatura. Sexo é cinema”, assim disse Arnaldo Jabor, assim parafraseou Rita Lee, quando canta “Amor é novela/ Sexo é cinema”. Então, se sexo é a sétima arte, não é difícil encontrar apreciadores. As películas com conteúdo erótico também atraem simpatizantes. Na Fortaleza do clássico Cine São Luiz, há espaço, também, para os cines pornô, que convidam o púbico a um entretenimento diferente. E é neste ambiente, onde vergonha e curiosidade coexistem, que Valmir Timóteo, 34, surge como frequentador assíduo. Ele tenta passar despercebido, caminhando rápido, rumo a um cine erótico qualquer da Rua Assunção. Mas como ser apenas mais um transeunte? Impossível para quem frequenta esse lugar há doze anos e tem muita história para contar. 

Valmir Timóteo frequenta cines  pornô há 12 anos
Foto: Diego Sombra



Em uma conversa que não durou mais do que cinco minutos, o assunto é tratado com uma naturalidade incomum para um mundo habitado por tabus. “Eu não tenho nenhum problema em dizer que venho aqui. Não me envergonho. Acho que por isso nunca sofri nenhum tipo de preconceito. Muito pelo contrário. As pessoas até se divertem por conta do que eu faço, é daí que nasce a curiosidade em conhecer o local”.

Aos olhos de Valmir, os cines pornô são um local de socialização. É lá que ele conhece pessoas interessantes, enquanto “curte” os filmes. Já tentou ainda mostrar aos colegas mais recatados as vantagens desse entretenimento. “Eu até já trouxe alguns amigos meus que nunca tinham frequentado, para conhecer, mas eles se assustaram com a situação”. No entanto, os cines não participam da história de Valmir apenas como forma de diversão. Entre uma sessão e outra ele conheceu um namorado. A união durou quatro anos. 

O frequentador assíduo considera os cinemas da Rua Assunção sua segunda casa.  Como inquilino que se preze, ele tem críticas à infraestrutura e ao serviço do local. Para Valmir, o que mais incomoda é a falta de higiene das salas.  “No decorrer desse tempo em que eu frequento a estrutura continua a mesma. O jeito é tenta driblar as situações onde encontro desconforto”.  

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A falta de segurança é outro ponto negativo. Segundo Valmir Timóteo, muitos profissionais do sexo usam os cines pornôs como local de trabalho. No entanto, outros aproveitam as sessões dos filmes para praticarem delitos, o que mancha a imagem dos cines pornô, que já sofrem com o estigma de um lugar de perversão. “Eles tentam roubar. Já aconteceram vários furtos nos cinemas aqui da Rua Assunção. Inclusive eu já fui vítima desses crimes”, conta ele. 


 Rua Assunção

Localizada no Centro da Cidade, a rua é conhecida por reunir vários cines pornô. 



Por  Isabele Câmara

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