quarta-feira, 13 de junho de 2012

Impressões, reflexões e experiências da reportagem: Vida sem barreiras


Treino de basquete de cadeirantes. Foto: Ed Borges


 Por Melissa Campos

Para falar sobre jovens deficientes que praticam esportes, fomos até o Campus do Pici da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde funciona o Laboratório de Atividade Motora Adaptada de Percepção e Ação (Lamapa). Conversamos com o deficiente visual Erenildo Nascimento de Souza, mais conhecido como Eron, com a cadeirante Jully Lima e com a professora e coordenadora do Lamapa, Adriana de Paula.

Eron tem deficiência visual e é um rapaz de jeito tranquilo e cativante. Para conversar com ele, acompanhamos um pouco do seu treino de atletismo no campus do Pici em uma quarta-feira de manhã. Tiramos algumas fotos nos seus momentos de descanso, nas conversas com amigos e na corrida. Terminado o treino, Eron nos contou sobre o início da deficiência visual, a profissão e as atividades físicas que pratica.

Jully usa cadeira de rodas, é comunicativa, vaidosa e tem disposição invejável. Disse-nos sobre a sua vida agitada entre os vários esportes que pratica, o ex-marido, a banda de rock que teve, as decepções e os sonhos. Fomos à casa dela, conhecemos a simpática família, vimos fotos, e, antes de irmos embora, ela nos falou que queria ir para o show da banda Pouca Vogal naquela mesma noite na Barraca Biruta, mesmo que a amiga dela não pudesse ir. “Eu vou para o camarote. Tenho prioridade”, disse Jully empolgada.

Foi muito interessante conversar com essas pessoas. Mesmo com dificuldades e limitações físicas, elas encontram força para superar os obstáculos e praticar uma atividade física, enquanto eu e os meus colegas nos envergonhamos do nosso sedentarismo. Porém, tentamos tratar a questão com simplicidade para evitar o senso-comum. Lembrei-me do que um amigo que é cadeirante uma vez falou: “As pessoas costumam ver o deficiente como coitadinho, ou como herói. Na verdade não é nenhum dos dois, somos pessoas normais, que temos qualidades e defeitos”. Recado dado.

Conversamos também com Adriana, coordenadora do Lamapa, que nos relatou sobre o surgimento do projeto, como ele funciona e dos benefícios físicos e sociais que traz. Enquanto Adriana conversava conosco, o treino de basquete de cadeirantes acontecia na quadra de esportes da UFC.

Melissa aprendendo com o monitor do Lamapa sobre o manuseamento
da cadeira, minutos antes do "racha" com as meninas do time. Foto: Ed Borges
No final do jogo das meninas, nossa equipe foi convidada para jogar basquete na cadeira de rodas, que é formada por pessoas que possuem ou não deficiência. Ed, com a desculpa de nunca ter praticado o esporte, recusou. Já Tamara, que já havia sido jogadora de basquete nos tempos antigos, e eu, que não havia sido, resolvemos aceitar a empreitada.

Foi uma experiência bastante diferente jogar daquela forma. Eu fiquei totalmente perdida quando sentei naquela cadeira, mas depois fui conseguindo manusear as rodas, que eram leves e próprias para a prática do esporte. Então, tentei correr atrás da bola. Ficava confusa, com medo de bater a cadeira nas outras, mas aos poucos fui me acostumando, o que não quer dizer que joguei bem (Risos).
Tamara toda festiva por estar mandando ver (ou não) no jogo. Foto: Ed Borges

Consegui pegar a bola algumas vezes, mas na hora de andar junto com a cadeira eu me “embolava” toda, queria mexer as pernas e tinha dificuldade de quicar. Acho que estive “cara a cara” com a cesta duas ou três vezes, mas não coloquei força suficiente para a bola atingir ao alvo. O carinha que me fazia os passes todas as vezes olhou para mim com uma cara de decepção... Mas o que eu podia fazer? Posso dizer que me divertir muito e recomendo a experiência! Aí abaixo vídeo com o nosso mico!

2 comentários:

Thaís disse...

A reportagem promete ser muito boa. O vídeo tá comédia, Melissa dá altos passes, hehehe. Parabéns, gente!

Naia disse...

Ufa, Melissa, q relato! As emoções foram intensas, né, e gostei da empolgação com o texto, cuidado apenas pra não ter explorado demais as facetas dos personagens aqui. Temos que guardar o melhor do recheio para a revista, ok? Ansiosa pelo material completo.