Treino de basquete de cadeirantes. Foto: Ed Borges |
Por Melissa Campos
Para falar sobre jovens
deficientes que praticam esportes, fomos até o Campus do Pici da Universidade
Federal do Ceará (UFC), onde funciona o Laboratório
de Atividade Motora Adaptada de Percepção e Ação (Lamapa). Conversamos com o
deficiente visual Erenildo Nascimento
de Souza, mais conhecido como Eron, com a cadeirante Jully Lima e com a
professora e coordenadora do Lamapa, Adriana de Paula.
Eron tem deficiência visual e é um rapaz de jeito tranquilo e
cativante. Para conversar com ele, acompanhamos um pouco do seu treino de
atletismo no campus do Pici em uma quarta-feira de manhã. Tiramos algumas fotos
nos seus momentos de descanso, nas conversas com amigos e na corrida. Terminado
o treino, Eron nos contou sobre o início da deficiência visual, a profissão e
as atividades físicas que pratica.
Jully usa cadeira de rodas, é comunicativa, vaidosa e tem disposição
invejável. Disse-nos sobre a sua vida agitada entre os vários esportes que
pratica, o ex-marido, a banda de rock que teve, as decepções e os sonhos. Fomos
à casa dela, conhecemos a simpática família, vimos fotos, e, antes de irmos
embora, ela nos falou que queria ir para o show da banda Pouca Vogal naquela
mesma noite na Barraca Biruta, mesmo que a amiga dela não pudesse ir. “Eu vou
para o camarote. Tenho prioridade”, disse Jully empolgada.
Foi muito interessante conversar com essas pessoas. Mesmo com
dificuldades e limitações físicas, elas encontram força para superar os
obstáculos e praticar uma atividade física, enquanto eu e os meus colegas nos
envergonhamos do nosso sedentarismo. Porém, tentamos tratar a questão com
simplicidade para evitar o senso-comum. Lembrei-me do que um amigo que é
cadeirante uma vez falou: “As pessoas costumam ver o deficiente como
coitadinho, ou como herói. Na verdade não é nenhum dos dois, somos pessoas
normais, que temos qualidades e defeitos”. Recado dado.
Conversamos também com Adriana, coordenadora do Lamapa, que nos relatou
sobre o surgimento do projeto, como ele funciona e dos benefícios físicos e
sociais que traz. Enquanto Adriana conversava conosco, o treino de basquete de
cadeirantes acontecia na quadra de esportes da UFC.
Melissa aprendendo com o monitor do Lamapa sobre o manuseamento da cadeira, minutos antes do "racha" com as meninas do time. Foto: Ed Borges |
No final do jogo das meninas, nossa equipe foi convidada para jogar
basquete na cadeira de rodas, que é formada por pessoas que possuem ou não
deficiência. Ed, com a desculpa de nunca ter praticado o esporte, recusou. Já
Tamara, que já havia sido jogadora de basquete nos tempos antigos, e eu, que
não havia sido, resolvemos aceitar a empreitada.
Foi uma experiência bastante diferente jogar daquela forma. Eu fiquei
totalmente perdida quando sentei naquela cadeira, mas depois fui conseguindo
manusear as rodas, que eram leves e próprias para a prática do esporte. Então,
tentei correr atrás da bola. Ficava confusa, com medo de bater a cadeira nas
outras, mas aos poucos fui me acostumando, o que não quer dizer que joguei bem
(Risos).
Tamara toda festiva por estar mandando ver (ou não) no jogo. Foto: Ed Borges |
Consegui pegar a bola algumas vezes,
mas na hora de andar junto com a cadeira eu me “embolava” toda, queria mexer as
pernas e tinha dificuldade de quicar. Acho que estive “cara a cara” com a cesta
duas ou três vezes, mas não coloquei força suficiente para a bola atingir ao
alvo. O carinha que me fazia os passes todas as vezes olhou para mim com uma
cara de decepção... Mas o que eu podia fazer? Posso dizer que me divertir muito
e recomendo a experiência! Aí abaixo vídeo com o nosso mico!
2 comentários:
A reportagem promete ser muito boa. O vídeo tá comédia, Melissa dá altos passes, hehehe. Parabéns, gente!
Ufa, Melissa, q relato! As emoções foram intensas, né, e gostei da empolgação com o texto, cuidado apenas pra não ter explorado demais as facetas dos personagens aqui. Temos que guardar o melhor do recheio para a revista, ok? Ansiosa pelo material completo.
Postar um comentário