O último suspiro de uma das mais tradicionais
sorveterias do Benfica
Tradicional no bairro Benfica desde 1987, a sorveteria
Castelinho costumava ser um lugar para fugir do calor e aliviar a sede com
sorvetes de diversos sabores. Mas para quem ainda é acostumado a frequentar o
local e a vê-lo na paisagem urbana do bairro, uma má notícia: a Castelinho vai
encerrar seus serviços e dar lugar a uma franquia de shakes de São Paulo.
A competição com o shopping e com a
violência presente no bairro, as sorveterias acabaram se desgastando.“Aqui tá
terrível. O fator maior que afastou as pessoas foi a violência”, diz Euclides
Neto, que acompanha a família dos donos desde que a sorveteria foi inaugurada. Ele
conta ainda que o local já foi assaltado três vezes.
O sorvete "castelinho" é um dos preferidos dos clientes Foto: Taís de Andrade |
Alessandra dos Santos, que trabalha há dois anos na
sorveteria, relatou episódios de arrastões, especialmente em dias de jogo entre
torcidas rivais, no estádio Presidente Vargas. De acordo com ela, isso afasta
os clientes: “ultimamente, não está bem movimentado, não”, afirma. A Praça da
Gentilândia, que, de acordo com Euclides Neto, era cheia de estudantes das
universidades do entorno, agora é palco para violência e consumo de drogas.
História
construída em Fortaleza
A história da Castelinho é mesclada com as das
sorveterias mais antigas da cidade. “Todo
mundo que mexeu com sorvete aqui em Fortaleza é de Santana do Acaraú”, afirma
Euclides Neto. Ele conta que os donos da Castelinho e de outras sorveterias,
como a Juarez, Casa do Sorvete e 50 sabores, são todos conhecidos do interior.
Surgidas em uma época em que o crescimento urbano, a
violência e o trânsito não eram tão intensos, as sorveterias tinham uma clientela
fiel. “Tinha freguês que morava no Antônio Bezerra, tinha um senhor que vinha
de Messejana pra tomar sorvete aqui”, relembra Euclides.
A
despedida da Castelinho
Os 60 sabores que encantaram os clientes Foto: Mikaela Brasil |
Ceila também lembra quando estava com um amigo na
sorveteria, e ele disse que gostaria que inventassem o sorvete de mexerica. “O
atendente ficou olhando e disse ‘ passa amanhã’. No dia seguinte, ele chegou e
tinha mostrando na tabela: ‘ Sorvete de Tangerina, vulgo Mexerica’.”
A negociação da venda da sorveteria foi realizada
nesta sexta (14) e é esperado que ela seja fechada após uma semana, para
iniciar a reforma do novo empreendimento, prevista para ser concluída em um
mês. A outra sorveteria Castelinho, contudo, não tem planos para venda.
Repórteres: Caroline Portiolli, Mikaela Brasil e Taís de Andrade
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