quarta-feira, 13 de junho de 2012

Cinema à tarde para pensar

Por Marcello Soares


Falar sobre os jovens realizadores de curta-metragem em Fortaleza nos empurrou para uma busca por personagens, já que essa era a ideia central da pauta. Num primeiro momento, nossa procura concentrou-se no curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará (UFC). Mas a maioria estava ocupada com os trabalhos de final de semestre, o que dificultava as chances de entrevistas. Tivemos poucas respostas, com uma rapidez inversamente proporcional ao deadline estabelecido.

Mas nem tudo estava perdido: conseguimos entrevistar Tavares Neto, jovem cineasta com alguns curtas no currículo. Apostamos na abordagem do mais recente, o “Bicicletas”. O próximo passo seria encontrar um(a) cineasta com uma trajetória diferente da maioria que havíamos encontrado inicialmente. Se possível, longe do contexto estudantil.

Foi aí que “descobrimos” Maíra Bosi. Publicitária de formação, Maíra investiu nos estudos de cinema quando passou para a primeira turma da Escola de Audiovisual do complexo cultural Vila das Artes de Fortaleza, em 2006. Quando conseguimos o contato, soubemos que ela exibiria, naquele dia, seu primeiro curta, “Baratas”, em uma mostra do Cine Ceará 2012 voltada para cineastas locais.

Maíra Bosi em debate no Cine Ceará


Fui escalado pela equipe para ir ao Centro Cultural do Parlamento Cearense, local da mostra. Imaginando que haveria uma multidão no local da exibição, decidi antecipar a entrevista. A rotina de aulas me impedia de permanecer na mostra além das 18h. Liguei para Maíra pela manhã, que aceitou conceder entrevista por telefone. A preocupação em assegurar a entrevista com antecedência foi justificada mais tarde: não consegui falar com Maíra no evento, já que não pude ficar até o final por conta de uma aula. No entanto, fotografei a exibição de filmes e o debate que ocorreu posteriormente.

O curta "Baratas" em exibição


Algo me chamou atenção: o reduzido número de pessoas na mostra. O novo espaço cultural era grande e moderno, mas faltavam espectadores. Fui embora com a sensação de que eventos culturais ainda carecem de mais prestígio das pessoas. Ok, a mostra ocorreu numa tarde de terça-feira, horário em que grande parte das pessoas está em trabalho/faculdade/escola. Parece que a organização do evento não levou isso em conta. Mas será que o evento teria mais espectadores se fosse realizado à noite?

O certo é que um trabalho jornalístico me deu uma boa chance de presenciar um evento muito interessante, que talvez não fosse minha primeira opção em outro momento.

Um comentário:

Naia disse...

Interessante, Marcelo. Além de detalhar com precisão a rotina de produção da pauta, vc expressou o que a vivência trouxe de novo para vc. Acredito que mais do que participar do evento cultural, de certa forma, "forçadamente", percebeu uma fragilidade da cena cultura local. Continue atento ao que não está na pauta tb, isso é feeling jornalístico. ;)