Por Marcello Soares
Falar sobre os
jovens realizadores de curta-metragem em Fortaleza nos empurrou para
uma busca por personagens, já que essa era a ideia central da pauta.
Num primeiro momento, nossa procura concentrou-se no curso de Cinema
e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará (UFC). Mas a maioria
estava ocupada com os trabalhos de final de semestre, o que
dificultava as chances de entrevistas. Tivemos poucas respostas, com
uma rapidez inversamente proporcional ao deadline estabelecido.
Mas nem tudo estava
perdido: conseguimos entrevistar Tavares Neto, jovem cineasta com
alguns curtas no currículo. Apostamos na abordagem do mais recente,
o “Bicicletas”. O próximo passo seria encontrar um(a) cineasta
com uma trajetória diferente da maioria que havíamos encontrado
inicialmente. Se possível, longe do contexto estudantil.
Foi aí que
“descobrimos” Maíra Bosi. Publicitária de formação, Maíra
investiu nos estudos de cinema quando passou para a primeira turma da
Escola de Audiovisual do complexo cultural Vila das Artes de
Fortaleza, em 2006. Quando conseguimos o contato, soubemos que ela
exibiria, naquele dia, seu primeiro curta, “Baratas”, em uma
mostra do Cine Ceará 2012 voltada para cineastas locais.
Maíra Bosi em debate no Cine Ceará |
Fui escalado pela
equipe para ir ao Centro Cultural do Parlamento Cearense, local da
mostra.
Imaginando que haveria uma multidão no local da exibição, decidi
antecipar a entrevista. A rotina de aulas me impedia de permanecer na
mostra além das 18h. Liguei para Maíra pela manhã, que aceitou
conceder entrevista por telefone. A preocupação em assegurar a
entrevista com antecedência foi justificada mais tarde: não
consegui falar com Maíra no evento, já que não pude ficar até o
final por conta de uma aula. No entanto, fotografei a exibição de
filmes e o debate que ocorreu posteriormente.
O curta "Baratas" em exibição |
Algo
me chamou atenção: o reduzido número de pessoas na mostra. O novo
espaço cultural era grande e moderno, mas faltavam espectadores. Fui
embora com a sensação de que eventos culturais ainda carecem de
mais prestígio das pessoas. Ok, a mostra ocorreu numa tarde de
terça-feira, horário em que grande parte das pessoas está em
trabalho/faculdade/escola. Parece que a organização do evento não
levou isso em conta. Mas será que o evento teria mais espectadores
se fosse realizado à noite?
O
certo é que um trabalho jornalístico me deu uma boa chance de
presenciar um evento muito interessante, que talvez não fosse minha
primeira opção em outro momento.
Um comentário:
Interessante, Marcelo. Além de detalhar com precisão a rotina de produção da pauta, vc expressou o que a vivência trouxe de novo para vc. Acredito que mais do que participar do evento cultural, de certa forma, "forçadamente", percebeu uma fragilidade da cena cultura local. Continue atento ao que não está na pauta tb, isso é feeling jornalístico. ;)
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