Por Marcello Soares, Marcella Macena e Thaís Brito Fotos de Marcello Soares
A pressa é um ponto em comum no cotidiano de muitas pessoas que transitam pelos espaços da Universidade Federal do Ceará (UFC). Por causa disso, profissionais como servidores e vigilantes podem passar despercebidos por quem não precisa lidar diretamente com eles. Esses funcionários garantem a limpeza, a segurança e até mesmo a manutenção das instalações. Mas a correria acaba fazendo com que eles se tornem praticamente invisíveis.
Trabalhando ao sol, Francisco Ivonildo, 40, capinava um local pouco movimentado do Centro de Humanidades (CH 2) da UFC. O auxiliar de serviços gerais trabalha há dois anos em uma empresa terceirizada que presta serviços à universidade.
Ivonildo é auxiliar de serviços gerais e não se importa se os alunos não o cumprimentam
Ivonildo acha “normal”que muitas pessoas não o cumprimentem no dia a
dia.“Alguns alunos falam, mas a maioria não. Mas também, a maioria
a gente não conhece, né? É normal”. Segundo ele, porém, a situação é
diferente quando ele tem de trabalhar na residência universitária. “Lá a
gente tem mais contato com as pessoas, até porque trabalho mais lá”.
Para o porteiro Cícero Felício, 30, um simples “bom dia” não faz mal a
ninguém. O funcionário terceirizado trabalha no CH 2 da UFC há três meses
e diz se sentir “despercebido” algumas vezes.“Acredito que com a
correria do dia a dia as pessoas nem lembrem de falar com a gente”,
afirma ele.
O porteiro Cícero
Felício garante que alunos não estacionem nas vagas destinadas aos
professores no CH 2.
Cícero é responsável por controlar o fluxo de carros no estacionamento
do CH 2. Mas, além disso, ele também dedica atenção aos seus estudos. O
porteiro está terminando o Ensino Médio e pretende entrar na faculdade
para cursar Estatística ou Matemática. Segundo ele, a tecnologia pode
mudar mas a Matemática “nunca deixará deser usada”.
Já Cícero Robério, 37, não espera pela atitude dos outros. Há oito anos na
UFC, o zelador faz questão de cumprimentar e sorrir para quem passa por
ele. O costume vem do antigo local de trabalho, o Aeroporto Pinto
Martins. “Lá você tem a obrigação de ser educado com todas as pessoas”,
afirma. Ele se habituou a demonstrar cortesia mesmo quando não estava no
seu melhor dia, mas alerta que esse comportamento faz parte da educação
que recebeu.
O zelador diz que a maioria das pessoas responde ao seu cumprimento.
E tenta entender aqueles que não retribuem a gentileza. “Às vezes a pessoa
tá chateada, não foi bem na prova, no namoro. Não ouviu direito ou não
entendeu”, conta Cícero. Segundo ele, o importante é fazer a sua parte.
Como reconhecimento, ele lembra o episódio em que ganhou uma garrafa de
vinho de uma professora do curso de Comunicação Social. Os dois não se
conhecem pelo nome até hoje.
Antes de ser zelador, Cícero Robério trabalhou em empresas de aviação. Ainda hoje, ele não desiste da cortesia no cotidiano.
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