sexta-feira, 27 de abril de 2012

Caminhos Acessíveis

A Universidade procura se adequar às necessidades particulares dos membros da comunidade acadêmica, mas ainda há um longo caminho a ser trilhado.



Por Marco Fukuda, Murilo Viana e Rosana Reis

Secretaria de Acessibilidade UFC Inclui,
ao lado da Biblioteca do Centro
de Humanidades, Benfica
Foto: Rosana Reis
A acessibilidade é um direito garantido na legislação brasileira, porém encontra obstáculos para se efetivar nos espaços públicos. Na Universidade Federal do Ceará (UFC), a questão apresenta avanços, mas ainda são muitos os desafios.

Desde que foi criada, em 2010, a Secretaria de Acessibilidade UFC Inclui realiza iniciativas de inclusão social para pessoas com deficiência auditiva, visual e física no ambiente acadêmico, integrando ações de ensino, pesquisa e extensão. 

O setor tem parceria com a Coordenadoria de Obras e Projetos (COP) para viabilizar a acessibilidade física, além de promover projetos como a digitalização do acervo bibliográfico para pessoas com deficiência visual. A bibliotecária Cléo Santos, que coordena o projeto, ressalta que a criação da secretaria foi um marco para o comprometimento da universidade em dar suporte a pessoas com deficiência. “A maior conquista ainda é a própria secretaria.” afirma.

André Luiz Gomes, bolsista de extensão da secretaria, é deficiente visual e inicia alunos e pessoas da comunidade na utilização de softwares como o DOSVOX, sistema operacional que possibilita o uso do computador por deficientes visuais.  
    
                                          André mostra como utilizar o DOSVOX  
   

Contrapontos


Edmar Ribeiro, 65, atualmente assessor jurídico da UFC, é cadeirante e servidor há mais de 30 anos. Segundo ele, os espaços da universidade, como a Reitoria, onde trabalha, e o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC), têm uma infra-estrutura acessível.


Edmar, que já ministrou palestras acerca do tema, considera que a acessibilidade alcança não só os portadores de deficiência visual, auditiva e de locomoção, mas também o atendimento de um público mais amplo, como grávidas e idosos. Ex-aluno da Faculdade de Direito da UFC, o assessor jurídico avalia que muitas melhorias têm acontecido nessa área nos últimos oito anos e, em especial, durante a gestão do reitor Jesualdo Farias.


Para Renata Aragão, 22, que tem deficiência auditiva parcial, falta suporte no aspecto da acessibilidade. Além de funcionária da universidade há três anos, ela cursa o 7º semestre da graduação em Ciências Sociais na UFC. Ela relata já ter sofrido constrangimentos devido às suas limitações de acompanhar as aulas como os ouvintes comuns. Renata conta ter desistido do curso de francês na Casa de Cultura logo no primeiro semestre, por causa da falta de adaptação do sistema de avaliações às suas necessidades.

A estudante Renata Aragão destaca o trabalho em 
recursos humanos para enfrentar a problemática
Foto: Rosana Reis

A universidade deve realizar seminários com professores e servidores para aprimorar o atendimento às pessoas com demandas diferenciadas, segundo Renata. O caso dela requer atenção e paciência por parte das pessoas, porque ela utiliza a leitura labial para se comunicar. Renata pretende voltar a estudar francês, mas em condições distintas. “Ficar aberto para ouvir a necessidade do outro”, é o que recomenda Renata para que a acessibilidade evolua na UFC.

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