As profissões de coveiro e de médico são as que mais facilmente nos vêm
à mente quando pensamos em profissionais que precisam lidar com a morte durante
a jornada de trabalho. No entanto, existem profissionais que trabalham mais
direta e especificamente com cadáveres.
A que profissão, por exemplo, cabe o
papel de deixar o corpo de uma pessoa morta “apresentável” para a realização do
velório? Dentro do tema de profissões curiosas, escolhemos conhecer um pouco
mais sobre essa função, que é uma especialização da figura do agente funerário.
Eu e Aline Lima visitamos antes de ontem a funerária Ethernus, localizada na Rua Padre Valdevino. Como a rua possui atualmente vários trechos interditados por obras, tivemos dificuldades de chegar até o endereço correto. De fato, um dos agentes funerários da empresa disse que muitos clientes têm tido a mesma dificuldade - fico pensando na chateação que deve ser não saber chegar ao velório de um ente querido.
Ao chegarmos, fomos encaminhados a uma sala de atendimentos. Então, conhecemos Tomé, agente funerário tanatopraxista - profissional a que chamávamos ignorantemente, antes de sabermos a nomenclatura correta, “maqueador de defunto”.
Nos corredores da funerária: um manequim (sim, um
manequim!) e um caixão. Falando em estética e morte...
Tomé vestia a mesma roupa que os outros agentes funerários, calça, camisa e gravata marrons; isso por si já quebrou a imagem que tínhamos do profissional que lida com cadáveres: pensávamos que nos depararíamos com alguém de aspecto mórbido e roupas brancas e que a conversa se daria em um laboratório com fortes odores de éter ou formol.
A entrevista durou tranquilos 26 minutos. Como os tanatopraxistas da empresa trabalham em regime de plantão - são quatro profissionais que se alternam a cada 12 horas - sabíamos que a qualquer momento durante a entrevista, existia a possibilidade de Tomé ser requisitado para a realização algum procedimento. Foi o que aconteceu. Finalizamos a entrevista e, antes que o “cliente” chegasse, tiramos algumas fotos do laboratório.
A piada é velha, mas lá vai: fomos bem recebidos, só não pretendemos
voltar tão cedo.
Um comentário:
Ótimo texto, Thiago. :)
Deve ter sido uma experiência e tanto, né. Essa questão do preconceito (não o ruim, o conceito pré-formado, mesmo)é recorrente e, infelizmente, não desgruda da cabeça dos outros. O cheiro do formol é intrínseco. =P
Mas com a reportagem de vocês, os pós-conceitos virão mudados, posso apostar. :)
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